Aspectos históricos e origens do Flamenco
O Flamenco nasceu da mistura de povos nômades e está arraigado nas manifestações folclóricas de vários povos que ao passar pelo crivo de gargantas pontuais se transformou em uma arte indiscutível e forte. Uma arte que comunica através das mãos que deslizam pela guitarra espanhola construindo melodias fortes, alegres, tristes, revoltas e proporciona aos ouvidos uma viagem aos primórdios de nosso interior.
Flamenco é arte que comunica através do corpo empregando mãos, expressões faciais marcantes e os pés acompanhados por passos de um marcante sapateado. É o corpo reagir ao som da guitarra ou à letra do cante que personifica a dor, o abandono, solidão, desprezo, as alegrias, o amor, o desejo. A força dessa arte também está na forma com que sintetiza música, cante e dança em um mesmo momento com relevante carga emocional e excelência.
Segundo a espanhola e andaluza Cristina Hoyos, uma das principais bailaoras, coreógrafas e atrizes que teve atuação em quase todo o mundo, Flamenco é “ uma mescla maravilhosa de todas as culturas que passaram pela Andaluzia que nos deixou suas marcas e que aqui se hão dado forma. A mistura é sempre boa e tudo o que há passado por esta terra se há criado algo maravilhoso chamado Flamenco.”
O flamencólogo Manuel Ríos Ruiz publicou em 1988 o Dicionário Ilustrado do Flamenco e tem a seguinte definição de “Arte Flamenco”:
"Considera-se que o cante, baile e toque da guitarra flamenca constituem em seu conjunto, uma arte. Seus estilos, criados sobre bases folclóricas, canções e romances andaluzes hão ultrapassado valores populares, alcançando uma dimensão musical superior, cuja interpretação requer faculdades artísticas de todas as ordens. Ainda que o flamenco, cante, baile e toque, mantenha um sentido estético sumariamente popular e próprio do povo andaluz.
Suas manifestações se tornaram autênticas expressões artísticas, totalmente diferenciadas das originárias de um histórico folclórico, através das composições anônimas e pessoais que fizeram do flamenco algo estruturado e evoluído estilisticamente. Sem deixar de ser música e poesia de raiz popular, pode-se dizer, segunda a opinião da maioria dos estudiosos, que o flamenco é um folclore elevado à arte, tanto por suas dificuldades interpretativas como por sua concepção e formas musicais."
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Palos (todos os ritmos flamenco)
Palos (todos os ritmos flamenco)
ACEITUNERAS:
Cante andaluz muito antigo usado na colheita de azeitonas.
ALBOREÁ:
Cante Flamenco. Pertence ao grupo dos cantes influenciados pela Soleá. Comum nos casamentos de ritual "gitano", com letras dedicadas a exaltar a virgindade da noiva, a virtude feminina mais cuidada.
http://www.youtube.com/watch?v=kykJ3JrFA58
ALEGRÍAS:
Cante e baile flamencos de compasso misto. Próprio de Cádiz. São toques por Alegrias: Caracoles, Romeras, Cantiñas, Rosas, Mirabás. É a mais difícil e genuína de todas as danças andaluzas.
http://www.youtube.com/watch?v=xxfwm9N1L_4&feature=related
ARRIERAS:
Cante de acompanhamento ao trabalho no campo. Tem grande semelhança com a tona e se canta também sem acompanhamento.
BAMBERAS:
Cante de origem puramente campestre, que não tem compasso, que se canta sem guitarra e não se baila. Sua copla é de quatro versos octasílabos, ainda que algumas vezes segue um esquema diferente. É um estilo folclórico aflamencado.
http://www.youtube.com/watch?v=9AboTlXzP18
BANDOLÁS:
Fandango abandolao próprio da serra malagueña e uma das mais antigas que se conhecem. Seu nome poderia proceder do instrumento com o qual é acompanhada, o bandolim.
BULERÍAS:
Cante e baile flamencos de compasso misto e ritmo vivo. Admite todo tipo de improvisação É o estilo mais flexível, rítmico e vibrante em todo o flamenco, mas é um dos bailes mais difíceis de dominar, porque é essencial ter muita graça e ritmo.
http://www.youtube.com/watch?v=zc2TH0vkCcM&feature=related
CABALES :
Estilo especial de arremate das seguiriyas com coplas de quatro versos octasílabos, sobre tons maiores.
CALESERA:
Cante atribuído aos condutores de carruagens.
CAMPANILLEROS:
Único cante que se pode cantar em coro. Sua copla é de 6 versos. É um cante aflamencado que se originou de canções religiosas andaluzas que eram entoadas no Rosário de la Aurora.
CANASTERAS:
Este cante é uma criação de Camarón de La Isla e de Paco de Lucía. É um cante novo, recém inventado, parecido com a estrutura dos fandangos, mas não se confirmou entre os cantes, sobrando apenas duas gravações como referência.
CANTES DE IDA Y VUELTA:
Expressão que designa o conjunto de estilos aflamencados, em especial em Cádiz e Málaga, procedentes do folclore hispano americano. Também fazem parte deste grupo a Milonga, a Vidalita, a Rumba, a Colombiana e a Guajira. A expressão “Ida y Vuelta” surgiu devido a uma crença antiga de que estes estilos chegaram à America pelos emigrantes espanhóis, na época das grandes navegações. Na America teriam sofrido variações e com o regresso à Espanha ganharam características mais próximas às suas expressões atuais. Hoje, acredita-se que seu surgimento é exclusivamente proveniente do Novo Mundo (América).
CANTIÑAS:
Cantes próprios de Cádiz, de compasso misto, rápido e alegre, entre os quais se destacam: As próprias Cantiñas, Caracoles, Mirabrás, Alegrias, e Romeras.
CAÑA:
Também muito ligadas às Soleares, é uma das formas mais antigas do Flamenco, e uma das mais puras e bonitas. Cante duro, forte, triste e melancólico. Difícil de cantar e não é bailado.
CARACOLES:
Cante de origem andaluz aflamencado do grupo das Cantiñas de Cádiz. É um baile mais adequado para a mulher por ter muitos movimentos ondulados.
http://www.youtube.com/watch?v=NX7YiBX8P8Qwww.youtube.com/watch
CARCELERAS:
Cante gitano primitivo do grupo das Tonás. É interpretada sem guitarra (a palo seco). A copla é de quatro
versos octossílabos. É um cante desolado, patético que evoca o tema carcerário.
CARTAGENERA:
Cante flamenco do grupo dos Cantes de Levante, de execução livre. Não se baila e é o mais moderno dos cantes de Levante.
CHUFLAS:
Cante típico e genuinamente gaditano, das bagunças da rua, das festas populares, usadas para dar humor aos contratempos do povo, Tem tom engraçado em suas letras.
COLOMBIANAS:
Cante flamenco do grupo dos Cantes de Ida Y Vuelta. Seu compasso tem influencias da guajira e da rumba cubana.
CORRIDOS GITANOS:
Modalidade mais antiga que deu origem as Tonás. É um cante sem acompanhamento musical, que procede dos romances populares andaluzes.
DEBLA:
Cante misterioso de invocação, sem acompanhamento de guitarra. Canção popular andaluza.
FANDANGO:
Cante flamenco procedente do folclore, sem compasso fixo, que fazem com que o guitarrista tenha que seguir bem de perto o cantor, com muitas formas e variações como os Fandangos de Huelva, Fandangos de Lucena y de Cabra, Fandangos Mineros e Fandanguillo, em toda Andaluzia. Cante chico.
http://www.youtube.com/watch?v=kKWO75WyUPcwww.youtube.com/watch
FARRUCA:
É um toque que chega ao flamenco procedente da Galícia, do folclore galego, que utiliza a estrutura do tanguillo e que se executa sobre os tons menores. Alguns autores o consideram um dos Cantes de Ida Y Vuelta. Uma espetacular forma de dança, originalmente masculina. Uma das mais recentes formas no flamenco. Nunca é cantada quando tocada no idioma flamenco puro. Como dança ou solo de guitarra, é uma peça muito dramática. No baile, sobressai o sapateado, colocando a prova o virtuosismo de muitos bailaores.
http://www.youtube.com/watch?v=3ozQN7nI0OU
GARROTÍN:
Cante de origem folclórico, incerto, que se aflamencou. É um baile de gitanos, não andaluz que foi incluído no repertório flamenco. É um cante festeiro que tem alguma semelhança com o ritmo dos tangos flamencos. Suas letras são ingênuas e superficiais, destacando o uso repetido do refrão que é cantado incessantemente.
http://www.youtube.com/watch?v=GnzQo-PaCHo
GRANAÍNA:
Cante de Levante a partir do aflamencamento de um fandango regional. De execução livre, é costume arrematá-lo com a Media Granaína. Suas letras tem uma excessiva carga sentimental e sua música se apóia na ornamentação.
GUAJIRA:
Cante aflamencado com influência do folclore e ritmos cubano, pertence ao grupo dos Cantes de Ida Y Vuelta. Na década de trinta e quarenta estiveram muito na moda e acompanhavam um baile de mesmo nome, hoje desaparecido. A temática de suas letras é de ambiente cubano, geralmente de forma superficial. Ritmo alegre semelhante a outros aspectos do flamenco influenciados pelo Novo Mundo.
JABEGOTES:
Também conhecido como cante das cinzas, é um cante abandolao, próprio da costa marinha. Está quase em desuso.
JABERA:
Cante flamenco do grupo dos Cantes Abandolaos (Cantes de Málaga). Pode-se enquadrar este cante ao grupo dos fandangos malagueños, que se cantam sem compás, dando ao intérprete a máxima possibilidade de recorrer a todos os floreios e ornamentações vocais, o que exige dele o seu máximo para executá-lo.
JALEO:
É a bulería praticada em Extremadura, com ritmos monótono e bailáveis. Foi muito utilizada por muitos guitarristas para seus concertos.
LEVANTICA:
Modalidade de taranta tipicamente cartagenera, que tem uma caída em tons menores. Foi exaltada pela voz peculiar de Pencho Cros.
LIVIANAS:
Cante flamenco do grupo das seguiriyas. Com temas campestres, apareceu no ambiente flamenco em meados do séc. XIX, e seu canto era feito sem o acompanhamento de guitarra.
LORQUEÑAS:
Na realidade não se trata de um “palo” propriamente dito, pois a lorqueña se apóia, em geral, na bulería. Compostas por Federico García Lorca, essas canções aflamencadas foram interpretadas por La Argentinita, com muita repercussão a copla denominada “Em El Café de Chinitas”.
MALAGUEÑAS:
Cante flamenco livre próprio da região de Málaga, sem compasso específico, interpretada e não dançada, descendente da família dos Fandangos Grandes. Cante muito compassado, melodioso e solene.
http://www.youtube.com/watch?v=v496vBwbfhk
MARIANAS:
Cante flamenco que se origina do aflamencamento de uma canção folclórica andaluza. Compasso semelhante ao dos Tientos. Não se baila.
MARTINETE:
Cante flamenco do grupo das Tonás (a palo seco). Cante livre, sem compás, de um lamento tristíssimo, cantada pelos ciganos no forge, que pode levar o acompanhamento de " yunque y martillo" (bigorna e martelo). A música soa como se o único instrumento fosse o martelo acompanhando o cantor.
http://www.youtube.com/watch?v=W414clOKWhE
MEDIA GRANAÍNA:
Pertence ao grupo dos cantes de Levante, mais sonora e com mais recursos, cante que não se baila.
MILONGA:
Cante aflamencado do folclore argentino de origem hispano-americana, do grupo dos Cantes de Ida Y Vuelta. Esteve muito em moda na Espanha entre os anos vinte e quarenta. Não se baila.
MINERA:
Cante com copla de quatro ou cinco versos octossílabos, que provavelmente apareceram nos meados do séc. XIX. Pertence ao grupo dos Cantes de Levante e dentro dele, como seu nome indica, pertence aos chamados Cantes de las Minas, com uma modulação tão definida e marcada como a da Taranta. Sua vertente mais conhecida é a das Minas de La Unión, em Murcia. Não se baila.
MIRABRÁS:
Cante flamenco do grupo das Cantiñas de Cádiz. Cante festeiro, próprio para bailar, vivaz e vibrante. A guitarra o acompanha com igual vivacidade.
MURCIANA:
Cante com copla de quatro ou cinco versos octosílabos que pertencem ao grupo de Levante. Suas raízes vem da zona de Cartagena (Murcia), e tem um importante reflexo na província de Almería.
NANA:
Típica canção empregada para fazer os filhos dormirem. Cante livre que não se ajusta a uma dimensão métrica estável. Não é acompanhada de guitarra e também não se baila. Não é um autêntico cante flamenco, mas simplesmente uma canção folclórica que pode adotar ecos flamencos colaborando com quem o cante.
PETENERA:
Cante flamenco, provavelmente oriundo de Paterna de La Rivera (Cádiz). Canto derivado do folclore andaluz.. Tem som pausado, arrogante, majestoso e sensual com acompanhamento de castanholas ou palmas com ares de tragédia e da força do destino. Este cante está envolto a uma misteriosa lenda cheia de superstição ao ponto de que alguns artistas se neguem a interpretá-lo.
http://www.youtube.com/watch?v=f67igtrSZLE
http://www.youtube.com/watch?v=orI-PB8W7pk
http://www.youtube.com/watch?v=UtLbQHQtRF8
POLO:
Cante flamenco muito antigo, próximo da Caña. Derivada da família das Soleares.
ROAS:
Cante de origem gitano no qual um grupo de homens e mulheres dispostos em uma roda celebram um ritual com tons religiosos. A roda gira no ritmo dos pandeiros e do cante. É um cante folclórico, muito parecido com a zambra.
ROMANCE:
Cante. Chamado também de corrido ou corrida, se originou de uma entonação especial dos romances populares andaluzes. É interpretado sem acompanhamento, e por isso é considerado por muitos o estilo mais primitivo do flamenco, fonte e manancial de todos os outros estilos de onde procederam as Tonás. Existe uma variante criada por Antonio Mairena ao compasso de Soleá por Bulerias.
ROMERA:
Cante flamenco festeiro do grupo das Cantiñas de Cádiz. Tem o mesmo compasso das Alegrias e apropriado para bailar.
RONDEÑA:
Cante flamenco do grupo dos Cantes Abandolaos (Málaga). Outra forma livre do flamenco. É o mais velho fandango malagueño conhecido e cantado.
http://www.youtube.com/watch?v=XL4UPuZaqyM
ROSAS:
Cante praticamente em desuso. É um cante com copla de quatro versos, do grupo das cantiñas, muito parecido com as Alegrias, provavelmente nasceu em Salúcar de Barrameda.
RUMBAS:
Cante aflamencado do grupo dos Cantes de Ida Y Vuelta. Novamente outra forma livre no flamenco influenciado pelos ritmos do Novo Mundo. Muito popular em todo tipo de festa por ser extremamente sensual e alegremente contagioso e é um dos bailes preferidos da juventude.
http://www.youtube.com/watch?v=il8YWQYQSdE
SAETAS:
Estrofe de ritmo flamenco sobre temas sacros que uma só pessoa canta sem acompanhamento musical em eventos religiosos, especialmente durante as procissões da Semana Santa. Repetidamente se diz que o flamenco é uma oração; a Saeta é uma boa mostra disso. Não se baila.
SEGUIRIYA:
Cante flamenco, trágico, sombrio, dolorido e triste, que a princípio levava o nome de Playera. São os chamados cantos profundos do flamenco. É um dos bailes mais difíceis do flamenco, por causa do caráter do seu compasso, marcado lentamente, e ao estado de espírito emotivo que carrega.
http://www.youtube.com/watch?v=0T8n7X7c6E4
SERRANAS:
Cante flamenco no mesmo grupo das Seguiriyas, porém tocada diferente, com um cante que alude o campo e a serra, melodioso e solene.44
http://www.youtube.com/watch?v=Tk8sex4Qq4g
SEVILLANAS:
Cante e baile folclórico aflamencados de origem andaluza. O baile por sevillanas é vivo e ágil, dinâmico, alegre e variado, com passos diferenciados e precisos, com fins marcados em que a música e o baile acabam simultaneamente deixando os bailarinos imóveis, adotando expressões triunfais e provocativas. O baile é executado em pares formados por homens e mulheres ou tão somente por mulheres. Cada sevillana é dividida em quatro partes, a saber: primeira, segunda, terceira e quarta.
http://www.youtube.com/watch?v=SzvYvkJPUrQ
http://www.youtube.com/watch?v=ll2NlPGARMc
http://www.youtube.com/watch?v=Sjn9jgsCERw
http://www.youtube.com/watch?v=zLURc1nrYZs
http://www.youtube.com/watch?v=DIv5e2OE_QA (aprendendo parte 1)
http://www.youtube.com/watch?v=0lvWYD5G40w (aprendendo parte 2)
http://www.youtube.com/watch?v=NEw6ZYBQNB8 (aprendendo parte 3)
http://www.youtube.com/watch?v=OJFWMhdthi0 (aprendendo parte 4)
http://www.youtube.com/watch?v=_BvlraEq6ZU
SOLEARES:
No singular, Soleá. Cante flamenco com compasso misto. Possui muitas variantes. Chamada mãe do flamenco, também é um tipo de cante jondo. Sua origem pode estar no séc. XIX, como cante que acompanha a um baile chamado jaleo. Contudo, pouco a pouco foi se convertendo em um cante com identidade própria. Representa com legitimidade a instituição artística dos ciganos. É um dos palos mais ricos do flamenco na atualidade, é executado no compasso ¾ e os cantores profissionais praticam as soleares, com suas variedades e complexidade para agradar aos bons aficionados do flamenco. O baile por Soleá resulta suntuoso e é especialmente apropriado para a mulher pelos muitos movimentos ondulados dos quadris e dos braços garbosos.
http://www.youtube.com/watch?v=QmUMxZkfqvY
http://www.youtube.com/watch?v=0WyLmhv_xb8
TANGOS:
Cante flamenco ao compasso de 4/4 bem marcado, rítmico e alegre. De origem desconhecida, são um dos mais antigos e básicos cantes ciganos. Estilo de dança, música e canto chamado chico, leve. Constituem um ritmo bastante rico e versátil. Como regra comum, o quaternário bem marcado entre o cante usualmente alegre e festeiro é o mais utilizado.
http://www.youtube.com/watch?v=HeMzkT3P2Kc
http://www.youtube.com/watch?v=9HVa8BNTusY
http://www.youtube.com/watch?v=GgG8GocF7H0
TANGUILLO:
Tango de Carnaval ou Tango de Cádiz. Compasso de 4/4. Estilo de dança e música derivado da mistura do tango com a rumba. É um cante muito gracioso, cheia de graça, airoso. O acompanhamento da guitarra é muito vivo e o baile cheio de sutilezas e improvisações garbosas.
http://www.youtube.com/watch?v=vp1rNOFZCzM
http://www.youtube.com/watch?v=ka2ALMI6D00
http://www.youtube.com/watch?v=ra5RWI4tymw
TARANTAS:
Cante flamenco do grupo dos Cantes de Levante ou de Las Minas. Mais um estilo livre no flamenco. É um cante duro, seco, quase áspero, acompanhado de guitarra e não se baila, se escuta.
TARANTOS:
Cante flamenco que pertence ao grupo dos Cantes de Levante. Compasso 4/4. Muito semelhante a Taranta se difere apenas pelo toque da guitarra que o acompanha. O taranto é a forma bailável das tarantas, o baile é majestoso e profundo, com grandes possibilidades de expressão.
http://www.youtube.com/watch?v=YbVO8SKdyPk
http://www.youtube.com/watch?v=rrJdHrOyTxs
TEMPORERAS:
Cante flamenco que se executava nas terras baixas da Andalucía nas épocas de colheita. Cante a palo seco, sem acompanhamento de guitarra.
TIENTOS:
Cante jondo, derivado dos tangos. Com copla de 4 versos octossílabos, seguidos geralmente por um ou vários estribilhos de 3 versos, de medida uniforme. São conhecidos desde a metade deste século, atribuídos a Enrique el Mellizo e divulgados por Manuel Torre. Procede dos Tangos e tem o compasso igual a este, ainda que mais lento, solene, sensual e complicado. Em Cádiz era chamado Tango Tiento, ou seja tango lento. Mais tarde em Sevilla, a expressão se reduziu a Tientos. É um cante bailável, com letras sentimentais e comoventes. Pode ser tão profundo, quanto o seu intérprete desejar, enquanto seus movimentos e sua graça nunca permitirão que seja um baile triste.
http://www.youtube.com/watch?v=AUc_IwuGLco
TONÁS:
Cante flamenco fundamental, o mais primitivo dos conhecidos hoje e verdadeiro tronco originário de todos os outros. É cantado sem guitarra, pertence ao grupo dos Martinetes, Deblas, Carceleras. Música "básica" no flamenco, a mais antiga conhecida. Sua música, sustentada exclusivamente pela voz, é triste e patética, transmitindo com desolação e abatimento o sombrio mundo que apresenta suas letras.
TRILLERAS:
Cante flamenco de origem Andaluza, que se cantava nos trabalhos no campo. Também chamado Cantes de Trilha. Muito difundido na zona de Jerez.
VERDIALES:
Cante flamenco aparentado com o folclore, pertence ao grupo dos Abandolaos. É um fandango regional pertencente ao grupo das malagueñas. São cantados e bailados com som da guitarra, com acompanhamento freqüente de violinos, pandeiros, e castanholas. Usa-se os “pitos” para marcar os compassos. Os verdiales são a mostra mais antiga da música popular malagueña.
http://www.youtube.com/watch?v=cypd9KHj4D4
VIDALITA:
Cante aflamencado, mas pouco flamenca na realidade, tem caráter triste e melancólico, com temas amorosos, que fala quase sempre de desilusões, frustrações. O significado de seu nome seria ¡Oh vida!, ¡Vidita!. É também chamado de cante de ida y vuelta.
VILLANCICO:
Cante flamenco de tema religioso que fala sobre temas natalinos. É um cante vivo, alegre, que transmite mensagem de esperança e que pertence aos grupos dos cantes folclóricos andaluzes aflamencados. Hoje se canta ao som de bulerías.
ZAMBRA:
Festa mourisca com música, alegria e algazarra. Posteriormente, festa dos gitanos andaluzes. Ainda hoje se cultiva a Zambra Granadina, nas Cuevas Del Sacromonte, formada por três bailes de Caráter Mínimo: la Alboreá, la Cachucha, e la Mosca, que simbolizam três momentos da boda gitana. Esta mímica, refletida na dança, pretende preservar uma antiga tradição do baile. São as juergas flamencas que os ciganos fazem em suas casas.
http://www.youtube.com/watch?v=gOZFwSkbkEM
http://www.youtube.com/watch?v=iwUeaxoEwGw
ZÁNGANO DE PUENTE GENIL:
É um estilo de fandango abandolao procedente de uma antiga modalidade folclórica da zona de Puente Genil. Cante muito difundido nos últimos tempos por Fosforito.
ZAPATEADO:
Baile. Consiste em um baile sóbrio de grande presença flamenca, que surge a meados do séc. XIX. É uma combinação rítmica de sons executados com a planta, salto e ponta do pé, e é interpretado por homens. Quando dançado por mulheres, estas usam traje masculino. Atualmente o Zapateado flamenco se intercala na maioria dos estilos, tanto por homens como por mulheres, muitas vezes ficando a guitarra em silêncio, para ressurgir junto com os demais elementos de acompanhamento no momento de sua maior intensidade ou arremate. Sapateado bastante elaborado, com velocidade, alternando um ritmo mais lento, sendo que logo após acelera-se novamente.
ZARABANDA:
Cante abandolao que foi gravado por El Niño Del Genil em 1911, na qual se destacou a interpretação de La Rubia de Las Perlas. Está quase em desuso.
ZORONGO:
Baile interpretado ao compasso de um tango lento, com um cante calmo, tranqüilo. O zorongo foi um típico baile americanos de negros, com grande sucesso em teatros, escolas de baile, festas realizadas na época romântica que já caiu em desuso. Contudo, os gitanos começaram a cultivá-lo no princípio do séc. XX, transformando-o em um palo próprio do repertório de muitos bailaores e guitarristas.
ACEITUNERAS:
Cante andaluz muito antigo usado na colheita de azeitonas.
ALBOREÁ:
Cante Flamenco. Pertence ao grupo dos cantes influenciados pela Soleá. Comum nos casamentos de ritual "gitano", com letras dedicadas a exaltar a virgindade da noiva, a virtude feminina mais cuidada.
http://www.youtube.com/watch?v=kykJ3JrFA58
ALEGRÍAS:
Cante e baile flamencos de compasso misto. Próprio de Cádiz. São toques por Alegrias: Caracoles, Romeras, Cantiñas, Rosas, Mirabás. É a mais difícil e genuína de todas as danças andaluzas.
http://www.youtube.com/watch?v=xxfwm9N1L_4&feature=related
ARRIERAS:
Cante de acompanhamento ao trabalho no campo. Tem grande semelhança com a tona e se canta também sem acompanhamento.
BAMBERAS:
Cante de origem puramente campestre, que não tem compasso, que se canta sem guitarra e não se baila. Sua copla é de quatro versos octasílabos, ainda que algumas vezes segue um esquema diferente. É um estilo folclórico aflamencado.
http://www.youtube.com/watch?v=9AboTlXzP18
BANDOLÁS:
Fandango abandolao próprio da serra malagueña e uma das mais antigas que se conhecem. Seu nome poderia proceder do instrumento com o qual é acompanhada, o bandolim.
BULERÍAS:
Cante e baile flamencos de compasso misto e ritmo vivo. Admite todo tipo de improvisação É o estilo mais flexível, rítmico e vibrante em todo o flamenco, mas é um dos bailes mais difíceis de dominar, porque é essencial ter muita graça e ritmo.
http://www.youtube.com/watch?v=zc2TH0vkCcM&feature=related
CABALES :
Estilo especial de arremate das seguiriyas com coplas de quatro versos octasílabos, sobre tons maiores.
CALESERA:
Cante atribuído aos condutores de carruagens.
CAMPANILLEROS:
Único cante que se pode cantar em coro. Sua copla é de 6 versos. É um cante aflamencado que se originou de canções religiosas andaluzas que eram entoadas no Rosário de la Aurora.
CANASTERAS:
Este cante é uma criação de Camarón de La Isla e de Paco de Lucía. É um cante novo, recém inventado, parecido com a estrutura dos fandangos, mas não se confirmou entre os cantes, sobrando apenas duas gravações como referência.
CANTES DE IDA Y VUELTA:
Expressão que designa o conjunto de estilos aflamencados, em especial em Cádiz e Málaga, procedentes do folclore hispano americano. Também fazem parte deste grupo a Milonga, a Vidalita, a Rumba, a Colombiana e a Guajira. A expressão “Ida y Vuelta” surgiu devido a uma crença antiga de que estes estilos chegaram à America pelos emigrantes espanhóis, na época das grandes navegações. Na America teriam sofrido variações e com o regresso à Espanha ganharam características mais próximas às suas expressões atuais. Hoje, acredita-se que seu surgimento é exclusivamente proveniente do Novo Mundo (América).
CANTIÑAS:
Cantes próprios de Cádiz, de compasso misto, rápido e alegre, entre os quais se destacam: As próprias Cantiñas, Caracoles, Mirabrás, Alegrias, e Romeras.
CAÑA:
Também muito ligadas às Soleares, é uma das formas mais antigas do Flamenco, e uma das mais puras e bonitas. Cante duro, forte, triste e melancólico. Difícil de cantar e não é bailado.
CARACOLES:
Cante de origem andaluz aflamencado do grupo das Cantiñas de Cádiz. É um baile mais adequado para a mulher por ter muitos movimentos ondulados.
http://www.youtube.com/watch?v=NX7YiBX8P8Qwww.youtube.com/watch
CARCELERAS:
Cante gitano primitivo do grupo das Tonás. É interpretada sem guitarra (a palo seco). A copla é de quatro
versos octossílabos. É um cante desolado, patético que evoca o tema carcerário.
CARTAGENERA:
Cante flamenco do grupo dos Cantes de Levante, de execução livre. Não se baila e é o mais moderno dos cantes de Levante.
CHUFLAS:
Cante típico e genuinamente gaditano, das bagunças da rua, das festas populares, usadas para dar humor aos contratempos do povo, Tem tom engraçado em suas letras.
COLOMBIANAS:
Cante flamenco do grupo dos Cantes de Ida Y Vuelta. Seu compasso tem influencias da guajira e da rumba cubana.
CORRIDOS GITANOS:
Modalidade mais antiga que deu origem as Tonás. É um cante sem acompanhamento musical, que procede dos romances populares andaluzes.
DEBLA:
Cante misterioso de invocação, sem acompanhamento de guitarra. Canção popular andaluza.
FANDANGO:
Cante flamenco procedente do folclore, sem compasso fixo, que fazem com que o guitarrista tenha que seguir bem de perto o cantor, com muitas formas e variações como os Fandangos de Huelva, Fandangos de Lucena y de Cabra, Fandangos Mineros e Fandanguillo, em toda Andaluzia. Cante chico.
http://www.youtube.com/watch?v=kKWO75WyUPcwww.youtube.com/watch
FARRUCA:
É um toque que chega ao flamenco procedente da Galícia, do folclore galego, que utiliza a estrutura do tanguillo e que se executa sobre os tons menores. Alguns autores o consideram um dos Cantes de Ida Y Vuelta. Uma espetacular forma de dança, originalmente masculina. Uma das mais recentes formas no flamenco. Nunca é cantada quando tocada no idioma flamenco puro. Como dança ou solo de guitarra, é uma peça muito dramática. No baile, sobressai o sapateado, colocando a prova o virtuosismo de muitos bailaores.
http://www.youtube.com/watch?v=3ozQN7nI0OU
GARROTÍN:
Cante de origem folclórico, incerto, que se aflamencou. É um baile de gitanos, não andaluz que foi incluído no repertório flamenco. É um cante festeiro que tem alguma semelhança com o ritmo dos tangos flamencos. Suas letras são ingênuas e superficiais, destacando o uso repetido do refrão que é cantado incessantemente.
http://www.youtube.com/watch?v=GnzQo-PaCHo
GRANAÍNA:
Cante de Levante a partir do aflamencamento de um fandango regional. De execução livre, é costume arrematá-lo com a Media Granaína. Suas letras tem uma excessiva carga sentimental e sua música se apóia na ornamentação.
GUAJIRA:
Cante aflamencado com influência do folclore e ritmos cubano, pertence ao grupo dos Cantes de Ida Y Vuelta. Na década de trinta e quarenta estiveram muito na moda e acompanhavam um baile de mesmo nome, hoje desaparecido. A temática de suas letras é de ambiente cubano, geralmente de forma superficial. Ritmo alegre semelhante a outros aspectos do flamenco influenciados pelo Novo Mundo.
JABEGOTES:
Também conhecido como cante das cinzas, é um cante abandolao, próprio da costa marinha. Está quase em desuso.
JABERA:
Cante flamenco do grupo dos Cantes Abandolaos (Cantes de Málaga). Pode-se enquadrar este cante ao grupo dos fandangos malagueños, que se cantam sem compás, dando ao intérprete a máxima possibilidade de recorrer a todos os floreios e ornamentações vocais, o que exige dele o seu máximo para executá-lo.
JALEO:
É a bulería praticada em Extremadura, com ritmos monótono e bailáveis. Foi muito utilizada por muitos guitarristas para seus concertos.
LEVANTICA:
Modalidade de taranta tipicamente cartagenera, que tem uma caída em tons menores. Foi exaltada pela voz peculiar de Pencho Cros.
LIVIANAS:
Cante flamenco do grupo das seguiriyas. Com temas campestres, apareceu no ambiente flamenco em meados do séc. XIX, e seu canto era feito sem o acompanhamento de guitarra.
LORQUEÑAS:
Na realidade não se trata de um “palo” propriamente dito, pois a lorqueña se apóia, em geral, na bulería. Compostas por Federico García Lorca, essas canções aflamencadas foram interpretadas por La Argentinita, com muita repercussão a copla denominada “Em El Café de Chinitas”.
MALAGUEÑAS:
Cante flamenco livre próprio da região de Málaga, sem compasso específico, interpretada e não dançada, descendente da família dos Fandangos Grandes. Cante muito compassado, melodioso e solene.
http://www.youtube.com/watch?v=v496vBwbfhk
MARIANAS:
Cante flamenco que se origina do aflamencamento de uma canção folclórica andaluza. Compasso semelhante ao dos Tientos. Não se baila.
MARTINETE:
Cante flamenco do grupo das Tonás (a palo seco). Cante livre, sem compás, de um lamento tristíssimo, cantada pelos ciganos no forge, que pode levar o acompanhamento de " yunque y martillo" (bigorna e martelo). A música soa como se o único instrumento fosse o martelo acompanhando o cantor.
http://www.youtube.com/watch?v=W414clOKWhE
MEDIA GRANAÍNA:
Pertence ao grupo dos cantes de Levante, mais sonora e com mais recursos, cante que não se baila.
MILONGA:
Cante aflamencado do folclore argentino de origem hispano-americana, do grupo dos Cantes de Ida Y Vuelta. Esteve muito em moda na Espanha entre os anos vinte e quarenta. Não se baila.
MINERA:
Cante com copla de quatro ou cinco versos octossílabos, que provavelmente apareceram nos meados do séc. XIX. Pertence ao grupo dos Cantes de Levante e dentro dele, como seu nome indica, pertence aos chamados Cantes de las Minas, com uma modulação tão definida e marcada como a da Taranta. Sua vertente mais conhecida é a das Minas de La Unión, em Murcia. Não se baila.
MIRABRÁS:
Cante flamenco do grupo das Cantiñas de Cádiz. Cante festeiro, próprio para bailar, vivaz e vibrante. A guitarra o acompanha com igual vivacidade.
MURCIANA:
Cante com copla de quatro ou cinco versos octosílabos que pertencem ao grupo de Levante. Suas raízes vem da zona de Cartagena (Murcia), e tem um importante reflexo na província de Almería.
NANA:
Típica canção empregada para fazer os filhos dormirem. Cante livre que não se ajusta a uma dimensão métrica estável. Não é acompanhada de guitarra e também não se baila. Não é um autêntico cante flamenco, mas simplesmente uma canção folclórica que pode adotar ecos flamencos colaborando com quem o cante.
PETENERA:
Cante flamenco, provavelmente oriundo de Paterna de La Rivera (Cádiz). Canto derivado do folclore andaluz.. Tem som pausado, arrogante, majestoso e sensual com acompanhamento de castanholas ou palmas com ares de tragédia e da força do destino. Este cante está envolto a uma misteriosa lenda cheia de superstição ao ponto de que alguns artistas se neguem a interpretá-lo.
http://www.youtube.com/watch?v=f67igtrSZLE
http://www.youtube.com/watch?v=orI-PB8W7pk
http://www.youtube.com/watch?v=UtLbQHQtRF8
POLO:
Cante flamenco muito antigo, próximo da Caña. Derivada da família das Soleares.
ROAS:
Cante de origem gitano no qual um grupo de homens e mulheres dispostos em uma roda celebram um ritual com tons religiosos. A roda gira no ritmo dos pandeiros e do cante. É um cante folclórico, muito parecido com a zambra.
ROMANCE:
Cante. Chamado também de corrido ou corrida, se originou de uma entonação especial dos romances populares andaluzes. É interpretado sem acompanhamento, e por isso é considerado por muitos o estilo mais primitivo do flamenco, fonte e manancial de todos os outros estilos de onde procederam as Tonás. Existe uma variante criada por Antonio Mairena ao compasso de Soleá por Bulerias.
ROMERA:
Cante flamenco festeiro do grupo das Cantiñas de Cádiz. Tem o mesmo compasso das Alegrias e apropriado para bailar.
RONDEÑA:
Cante flamenco do grupo dos Cantes Abandolaos (Málaga). Outra forma livre do flamenco. É o mais velho fandango malagueño conhecido e cantado.
http://www.youtube.com/watch?v=XL4UPuZaqyM
ROSAS:
Cante praticamente em desuso. É um cante com copla de quatro versos, do grupo das cantiñas, muito parecido com as Alegrias, provavelmente nasceu em Salúcar de Barrameda.
RUMBAS:
Cante aflamencado do grupo dos Cantes de Ida Y Vuelta. Novamente outra forma livre no flamenco influenciado pelos ritmos do Novo Mundo. Muito popular em todo tipo de festa por ser extremamente sensual e alegremente contagioso e é um dos bailes preferidos da juventude.
http://www.youtube.com/watch?v=il8YWQYQSdE
SAETAS:
Estrofe de ritmo flamenco sobre temas sacros que uma só pessoa canta sem acompanhamento musical em eventos religiosos, especialmente durante as procissões da Semana Santa. Repetidamente se diz que o flamenco é uma oração; a Saeta é uma boa mostra disso. Não se baila.
SEGUIRIYA:
Cante flamenco, trágico, sombrio, dolorido e triste, que a princípio levava o nome de Playera. São os chamados cantos profundos do flamenco. É um dos bailes mais difíceis do flamenco, por causa do caráter do seu compasso, marcado lentamente, e ao estado de espírito emotivo que carrega.
http://www.youtube.com/watch?v=0T8n7X7c6E4
SERRANAS:
Cante flamenco no mesmo grupo das Seguiriyas, porém tocada diferente, com um cante que alude o campo e a serra, melodioso e solene.44
http://www.youtube.com/watch?v=Tk8sex4Qq4g
SEVILLANAS:
Cante e baile folclórico aflamencados de origem andaluza. O baile por sevillanas é vivo e ágil, dinâmico, alegre e variado, com passos diferenciados e precisos, com fins marcados em que a música e o baile acabam simultaneamente deixando os bailarinos imóveis, adotando expressões triunfais e provocativas. O baile é executado em pares formados por homens e mulheres ou tão somente por mulheres. Cada sevillana é dividida em quatro partes, a saber: primeira, segunda, terceira e quarta.
http://www.youtube.com/watch?v=SzvYvkJPUrQ
http://www.youtube.com/watch?v=ll2NlPGARMc
http://www.youtube.com/watch?v=Sjn9jgsCERw
http://www.youtube.com/watch?v=zLURc1nrYZs
http://www.youtube.com/watch?v=DIv5e2OE_QA (aprendendo parte 1)
http://www.youtube.com/watch?v=0lvWYD5G40w (aprendendo parte 2)
http://www.youtube.com/watch?v=NEw6ZYBQNB8 (aprendendo parte 3)
http://www.youtube.com/watch?v=OJFWMhdthi0 (aprendendo parte 4)
http://www.youtube.com/watch?v=_BvlraEq6ZU
SOLEARES:
No singular, Soleá. Cante flamenco com compasso misto. Possui muitas variantes. Chamada mãe do flamenco, também é um tipo de cante jondo. Sua origem pode estar no séc. XIX, como cante que acompanha a um baile chamado jaleo. Contudo, pouco a pouco foi se convertendo em um cante com identidade própria. Representa com legitimidade a instituição artística dos ciganos. É um dos palos mais ricos do flamenco na atualidade, é executado no compasso ¾ e os cantores profissionais praticam as soleares, com suas variedades e complexidade para agradar aos bons aficionados do flamenco. O baile por Soleá resulta suntuoso e é especialmente apropriado para a mulher pelos muitos movimentos ondulados dos quadris e dos braços garbosos.
http://www.youtube.com/watch?v=QmUMxZkfqvY
http://www.youtube.com/watch?v=0WyLmhv_xb8
TANGOS:
Cante flamenco ao compasso de 4/4 bem marcado, rítmico e alegre. De origem desconhecida, são um dos mais antigos e básicos cantes ciganos. Estilo de dança, música e canto chamado chico, leve. Constituem um ritmo bastante rico e versátil. Como regra comum, o quaternário bem marcado entre o cante usualmente alegre e festeiro é o mais utilizado.
http://www.youtube.com/watch?v=HeMzkT3P2Kc
http://www.youtube.com/watch?v=9HVa8BNTusY
http://www.youtube.com/watch?v=GgG8GocF7H0
TANGUILLO:
Tango de Carnaval ou Tango de Cádiz. Compasso de 4/4. Estilo de dança e música derivado da mistura do tango com a rumba. É um cante muito gracioso, cheia de graça, airoso. O acompanhamento da guitarra é muito vivo e o baile cheio de sutilezas e improvisações garbosas.
http://www.youtube.com/watch?v=vp1rNOFZCzM
http://www.youtube.com/watch?v=ka2ALMI6D00
http://www.youtube.com/watch?v=ra5RWI4tymw
TARANTAS:
Cante flamenco do grupo dos Cantes de Levante ou de Las Minas. Mais um estilo livre no flamenco. É um cante duro, seco, quase áspero, acompanhado de guitarra e não se baila, se escuta.
TARANTOS:
Cante flamenco que pertence ao grupo dos Cantes de Levante. Compasso 4/4. Muito semelhante a Taranta se difere apenas pelo toque da guitarra que o acompanha. O taranto é a forma bailável das tarantas, o baile é majestoso e profundo, com grandes possibilidades de expressão.
http://www.youtube.com/watch?v=YbVO8SKdyPk
http://www.youtube.com/watch?v=rrJdHrOyTxs
TEMPORERAS:
Cante flamenco que se executava nas terras baixas da Andalucía nas épocas de colheita. Cante a palo seco, sem acompanhamento de guitarra.
TIENTOS:
Cante jondo, derivado dos tangos. Com copla de 4 versos octossílabos, seguidos geralmente por um ou vários estribilhos de 3 versos, de medida uniforme. São conhecidos desde a metade deste século, atribuídos a Enrique el Mellizo e divulgados por Manuel Torre. Procede dos Tangos e tem o compasso igual a este, ainda que mais lento, solene, sensual e complicado. Em Cádiz era chamado Tango Tiento, ou seja tango lento. Mais tarde em Sevilla, a expressão se reduziu a Tientos. É um cante bailável, com letras sentimentais e comoventes. Pode ser tão profundo, quanto o seu intérprete desejar, enquanto seus movimentos e sua graça nunca permitirão que seja um baile triste.
http://www.youtube.com/watch?v=AUc_IwuGLco
TONÁS:
Cante flamenco fundamental, o mais primitivo dos conhecidos hoje e verdadeiro tronco originário de todos os outros. É cantado sem guitarra, pertence ao grupo dos Martinetes, Deblas, Carceleras. Música "básica" no flamenco, a mais antiga conhecida. Sua música, sustentada exclusivamente pela voz, é triste e patética, transmitindo com desolação e abatimento o sombrio mundo que apresenta suas letras.
TRILLERAS:
Cante flamenco de origem Andaluza, que se cantava nos trabalhos no campo. Também chamado Cantes de Trilha. Muito difundido na zona de Jerez.
VERDIALES:
Cante flamenco aparentado com o folclore, pertence ao grupo dos Abandolaos. É um fandango regional pertencente ao grupo das malagueñas. São cantados e bailados com som da guitarra, com acompanhamento freqüente de violinos, pandeiros, e castanholas. Usa-se os “pitos” para marcar os compassos. Os verdiales são a mostra mais antiga da música popular malagueña.
http://www.youtube.com/watch?v=cypd9KHj4D4
VIDALITA:
Cante aflamencado, mas pouco flamenca na realidade, tem caráter triste e melancólico, com temas amorosos, que fala quase sempre de desilusões, frustrações. O significado de seu nome seria ¡Oh vida!, ¡Vidita!. É também chamado de cante de ida y vuelta.
VILLANCICO:
Cante flamenco de tema religioso que fala sobre temas natalinos. É um cante vivo, alegre, que transmite mensagem de esperança e que pertence aos grupos dos cantes folclóricos andaluzes aflamencados. Hoje se canta ao som de bulerías.
ZAMBRA:
Festa mourisca com música, alegria e algazarra. Posteriormente, festa dos gitanos andaluzes. Ainda hoje se cultiva a Zambra Granadina, nas Cuevas Del Sacromonte, formada por três bailes de Caráter Mínimo: la Alboreá, la Cachucha, e la Mosca, que simbolizam três momentos da boda gitana. Esta mímica, refletida na dança, pretende preservar uma antiga tradição do baile. São as juergas flamencas que os ciganos fazem em suas casas.
http://www.youtube.com/watch?v=gOZFwSkbkEM
http://www.youtube.com/watch?v=iwUeaxoEwGw
ZÁNGANO DE PUENTE GENIL:
É um estilo de fandango abandolao procedente de uma antiga modalidade folclórica da zona de Puente Genil. Cante muito difundido nos últimos tempos por Fosforito.
ZAPATEADO:
Baile. Consiste em um baile sóbrio de grande presença flamenca, que surge a meados do séc. XIX. É uma combinação rítmica de sons executados com a planta, salto e ponta do pé, e é interpretado por homens. Quando dançado por mulheres, estas usam traje masculino. Atualmente o Zapateado flamenco se intercala na maioria dos estilos, tanto por homens como por mulheres, muitas vezes ficando a guitarra em silêncio, para ressurgir junto com os demais elementos de acompanhamento no momento de sua maior intensidade ou arremate. Sapateado bastante elaborado, com velocidade, alternando um ritmo mais lento, sendo que logo após acelera-se novamente.
ZARABANDA:
Cante abandolao que foi gravado por El Niño Del Genil em 1911, na qual se destacou a interpretação de La Rubia de Las Perlas. Está quase em desuso.
ZORONGO:
Baile interpretado ao compasso de um tango lento, com um cante calmo, tranqüilo. O zorongo foi um típico baile americanos de negros, com grande sucesso em teatros, escolas de baile, festas realizadas na época romântica que já caiu em desuso. Contudo, os gitanos começaram a cultivá-lo no princípio do séc. XX, transformando-o em um palo próprio do repertório de muitos bailaores e guitarristas.
Etimologia da Palavra Flamenco
Etimologia da Palavra Flamenco
1. Cuchillo , faca: Nome de um tipo de faca baseado no sainete “El soldado fanfarrón” escrito por González del Castillo no século XVIII: "O militar, que sacou para meu marido, um flamenco".
2. Arte do cante e do baile da Andaluzia *gitana. Dicionário Señas da Língua Espanhola para Brasileiros, pg. 580
3. Ave de quase um metro de altura, com a cabeça, as costas e o rabo rosa com as patas e pescoço compridos. Essa se deve a Rodríguez Marín que justificou que os cantaores se vestiam com jaquetas curtas, e eram altos e quebrados de cintura, por isso que pareciam um flamingo.
4- Pertencente ou relativo à antiga região de Flandes (Norte da Bélgica). Teoria provinda de Hipólito Rossy e Carlos Almendro que afirmaram que Flamenco se deve a música polifônica da Espanha, que no século XVI teve muita influência da música dos Países Baixos, como Flandes.
E o viajante George Borrow y Hugo Schuchard diziam que os gitanos eram de procedência germânica, o que explica que se poderia chamá-los de flamencos.
5- Camponês fugitivo ou nômade do termo árabe “Felah-Mengus” segundo o padre Blas Infante em seu livro “Orígenes de lo Flamenco”, reforçando as reminiscências árabes do flamenco e as conotações desta arte com o Oriente.
6- Fanfarrão - de acordo com García Matos. No século XVIII, se apelidava de flamenco todos que se comportavam de forma ostentosa e fanfarrona.
7- Gachós ou andaluzes, nome dado por Antônio Machado ou Demófilo, seu pseudônimo, aos gitanos - quais correspondem com a denominação flamencos.
1. Cuchillo , faca: Nome de um tipo de faca baseado no sainete “El soldado fanfarrón” escrito por González del Castillo no século XVIII: "O militar, que sacou para meu marido, um flamenco".
2. Arte do cante e do baile da Andaluzia *gitana. Dicionário Señas da Língua Espanhola para Brasileiros, pg. 580
3. Ave de quase um metro de altura, com a cabeça, as costas e o rabo rosa com as patas e pescoço compridos. Essa se deve a Rodríguez Marín que justificou que os cantaores se vestiam com jaquetas curtas, e eram altos e quebrados de cintura, por isso que pareciam um flamingo.
4- Pertencente ou relativo à antiga região de Flandes (Norte da Bélgica). Teoria provinda de Hipólito Rossy e Carlos Almendro que afirmaram que Flamenco se deve a música polifônica da Espanha, que no século XVI teve muita influência da música dos Países Baixos, como Flandes.
E o viajante George Borrow y Hugo Schuchard diziam que os gitanos eram de procedência germânica, o que explica que se poderia chamá-los de flamencos.
5- Camponês fugitivo ou nômade do termo árabe “Felah-Mengus” segundo o padre Blas Infante em seu livro “Orígenes de lo Flamenco”, reforçando as reminiscências árabes do flamenco e as conotações desta arte com o Oriente.
6- Fanfarrão - de acordo com García Matos. No século XVIII, se apelidava de flamenco todos que se comportavam de forma ostentosa e fanfarrona.
7- Gachós ou andaluzes, nome dado por Antônio Machado ou Demófilo, seu pseudônimo, aos gitanos - quais correspondem com a denominação flamencos.
O BAILE
O BAILE
A supremacia do baile flamenco.
O baile espanhol quase se iguala ao flamenco, a máxima expressão de nossos bailes. Não se trata de um sentimento, e sim de uma técnica eminentemente pessoal.
Não é um baile de cenário, nem de grandes espaços como o castelhano, o catalão, aragonês, vasco ou galego.
É um erro crer que o flamenco é apenas problema de temperamento e de intuição, próprio para improvisadores, "pseudo-bailaoras/es", como as convulsões não admissíveis nos tablados tradicionais, e que, na realidade, desaforaram o baile.
No flamenco, a transmissão da técnica é pessoal. Comunicam-se os segredos uns aos outros diretamente, constituindo uma arte que tem que desentranhar captando, vendo e ouvindo integralmente o que zelosamente se tem guardado desde velhos tempos.
As raízes autênticas é o único que possibilita a recriação, como sucede com todos os de entronca mente popular, onde nunca se diz duas vezes a mesma coisa de maneira idêntica.
A diferença é fundamental. No baile clássico se aprecia facilmente como, a medida que o esforço técnico é maior, a expressão vai desaparecendo, até converter ao artista em uma marionete. Em troca, o flamenco de baile de tablado, por conseguinte não popular, a técnica, ao aperfeiçoar-se, ajuda mais a expressão, porque é uma técnica pessoal.
Com um baile de cintura para baixo e outro de cintura para cima.
O vocabulário dos bailes flamencos podem resultar limitadíssimos a primeira vista, composto de transições bruscas, de sobressaltos que se assemelham ao soluço de gestos sincopados, de convulsões espasmódicas, de descargas elétricas, de impetuosidade indecifrável, que muitas vezes conserva o aspecto de uma autêntica briga.
É tal sua riqueza em improvisos, que alguns, desconsideradamente, situam esses bailes em um campo próximo a secreção interna. Inarticulável de um ponto de vista acadêmico, não considera capaz de colocar limites exatos à paixão.
Todo seu mundo, entretanto, é o mais puro mundo da dança; apenas sai das regiões do ritmo, sem os quais não é possível fazer dança, compassos nem melodias. O ritmo serve de veículo para a melodia, de estrutura para a harmonia, de base para todas as metamorfoses do bailarino.
E se é verdade que só o ritmo, como diz Levinson, não é arte, também é verdade que, sem ritmo, este tão pouco existe.
O flamenco é ritmo e complexo. Há nele nebulosos sentimentos escuros. O absurdo é querer fechá-lo em moldes emprestados pela Academia Nacional de Dança de Paris.
Assim como Debussy e Falla fugiram de moldes de sonatas, superando-os, nossos grandes intérpretes do flamenco estão virtualmente por cima das fábricas de danças. Sem esquecer que o ritmo do flamenco é mediterrâneo: complexo. Complexidade que explica sua riqueza.
Por outro lado, é sabido que, historicamente, a dança coral, a dança provisional, a dança orgástica, a dança em conjunto, em geral é anterior a dança do solista.
Os três elementos fundamentais das velhas danças primitivas – que sobrevivem nas danças regionais-, são: erótico, religioso e guerreiro, que são atos coletivos.
Não existem orgias solitárias, e para perder-se na êxtases comum, é necessário uma multidão. As danças antigas, gregas e romanas, foram danças representativas, danças de artifício e representação, como foi a medieval da morte.
No mundo primitivo, quando aparece um solista, não é em virtude de sua própria personalidade, senão em representação do gênio da tribo, do espírito, de algo que não é dele.
Pelo contrário, no baile flamenco: guitarra, sapateado, pitos e em tudo o que às vezes fazem os membros do corpo, inclusive a língua, nariz, as unhas..., pouco vem de fora, tem como centro sua própria alma, e em uma relação que não se rompeu com o imediato natural. Sua raiz pessoal, se não crê a dança em si, tem a virtude da recriação, que é própria da arte humana, sublinhando sempre com seu "toque" pessoal tudo que se baila.
No mais profundo do flamenco, não se observa nenhuma adaptação. Não há necessidade das gesticulações teatrais. Está, inclusive, nas fronteiras de uma arte não figurativa. É dança, em sua significação abstrata, com um espírito que está tão perto do intuitivo ou instintivo como tudo o que é autenticamente pessoal, tem o sentido do corpo, do estilo e da forma que só dá o espírito.
Fonte: Vicente Marrero, El enigma de España em la danza española.
O baile espanhol quase se iguala ao flamenco, a máxima expressão de nossos bailes. Não se trata de um sentimento, e sim de uma técnica eminentemente pessoal.
Não é um baile de cenário, nem de grandes espaços como o castelhano, o catalão, aragonês, vasco ou galego.
Esses bailes regionais costumam ser executados quase que exclusivamente efetuando movimentos de translação ou dando graciosos passos aos que respiram um certo ar campeiro, são e ingênuo, e em geral, em grupos. Em troca, o flamenco apenas necessita de espaço.
O bailaor genuíno quase não de move do lugar, acompanhando a dança com movimentos de braços e mãos. É uma dança eminentemente plástica, solitária, que expressa intensas paixões aos que dão forte destaque.
É necessário um grande senso de ritmo e um temperamento peculiar para compenetrar-se e sentir a música. O que os flamencos chamam, com uma palavra muito profunda, estar "interao". Estar "interao" consiste não só em conhecer o ritmo que tem que levar em cada baile, mas saber em que momento é preciso avisar ao guitarrista, com um gesto ou um passo, as mudanças que se quer fazer, passar para as falsetas, desplantes, médios desplantes, etc.
Assim, não é raro ver como uma mesma dança, ao ser repetida a música, muda e fica diferente da anterior.
Esses bailes não contam com uma coreografia determinada, e o bailarino não improvisa tanto, como superficialmente se afirma. Ele dispõe de recursos, variações, que, como eles dizem, cabem dentro do mesmo ritmo que interpretam.É um erro crer que o flamenco é apenas problema de temperamento e de intuição, próprio para improvisadores, "pseudo-bailaoras/es", como as convulsões não admissíveis nos tablados tradicionais, e que, na realidade, desaforaram o baile.
Soltar os cabelos como Lola Flores, não é bailar flamenco. Não bastam os alvoroços das saias, agarrar-se aos babados, lançar os cravos dos cabelos, girar sem ritmo, nem medida, como louca.
Dizem que um braço de Malena, um movimento de suas mãos, valem por todas as voltas e revoltas que dão as "pseudo-bailaoras". Observa-se que quando os bailarinos, com seus sapateados, saltos, velocidades, temperamento, desaforos, se afastam das linhas tradicionais, cheias de dignidade, sobriedade, estilo, plasticidade pura e completa, então, na mesma medida, perdem personalidade até confundir-se com o comum e não fazem possível o acento pessoal, tão prórpio do flamenco, qual se permitia falar do canto de Chacón, o de Torres, o baile de La Malena, de La Macarrona...
O flamenco exige uma técnica complicada que não se pode suprir com a improvisação. Uma técnica distinta da acadêmica, de códigos e preceitos impessoais. No flamenco, a transmissão da técnica é pessoal. Comunicam-se os segredos uns aos outros diretamente, constituindo uma arte que tem que desentranhar captando, vendo e ouvindo integralmente o que zelosamente se tem guardado desde velhos tempos.
As raízes autênticas é o único que possibilita a recriação, como sucede com todos os de entronca mente popular, onde nunca se diz duas vezes a mesma coisa de maneira idêntica.
A diferença é fundamental. No baile clássico se aprecia facilmente como, a medida que o esforço técnico é maior, a expressão vai desaparecendo, até converter ao artista em uma marionete. Em troca, o flamenco de baile de tablado, por conseguinte não popular, a técnica, ao aperfeiçoar-se, ajuda mais a expressão, porque é uma técnica pessoal.
Com um baile de cintura para baixo e outro de cintura para cima.
O vocabulário dos bailes flamencos podem resultar limitadíssimos a primeira vista, composto de transições bruscas, de sobressaltos que se assemelham ao soluço de gestos sincopados, de convulsões espasmódicas, de descargas elétricas, de impetuosidade indecifrável, que muitas vezes conserva o aspecto de uma autêntica briga.
É tal sua riqueza em improvisos, que alguns, desconsideradamente, situam esses bailes em um campo próximo a secreção interna. Inarticulável de um ponto de vista acadêmico, não considera capaz de colocar limites exatos à paixão.
Todo seu mundo, entretanto, é o mais puro mundo da dança; apenas sai das regiões do ritmo, sem os quais não é possível fazer dança, compassos nem melodias. O ritmo serve de veículo para a melodia, de estrutura para a harmonia, de base para todas as metamorfoses do bailarino.
E se é verdade que só o ritmo, como diz Levinson, não é arte, também é verdade que, sem ritmo, este tão pouco existe.
O flamenco é ritmo e complexo. Há nele nebulosos sentimentos escuros. O absurdo é querer fechá-lo em moldes emprestados pela Academia Nacional de Dança de Paris.
Assim como Debussy e Falla fugiram de moldes de sonatas, superando-os, nossos grandes intérpretes do flamenco estão virtualmente por cima das fábricas de danças. Sem esquecer que o ritmo do flamenco é mediterrâneo: complexo. Complexidade que explica sua riqueza.
Por outro lado, é sabido que, historicamente, a dança coral, a dança provisional, a dança orgástica, a dança em conjunto, em geral é anterior a dança do solista.
Os três elementos fundamentais das velhas danças primitivas – que sobrevivem nas danças regionais-, são: erótico, religioso e guerreiro, que são atos coletivos.
Não existem orgias solitárias, e para perder-se na êxtases comum, é necessário uma multidão. As danças antigas, gregas e romanas, foram danças representativas, danças de artifício e representação, como foi a medieval da morte.
No mundo primitivo, quando aparece um solista, não é em virtude de sua própria personalidade, senão em representação do gênio da tribo, do espírito, de algo que não é dele.
Pelo contrário, no baile flamenco: guitarra, sapateado, pitos e em tudo o que às vezes fazem os membros do corpo, inclusive a língua, nariz, as unhas..., pouco vem de fora, tem como centro sua própria alma, e em uma relação que não se rompeu com o imediato natural. Sua raiz pessoal, se não crê a dança em si, tem a virtude da recriação, que é própria da arte humana, sublinhando sempre com seu "toque" pessoal tudo que se baila.
No mais profundo do flamenco, não se observa nenhuma adaptação. Não há necessidade das gesticulações teatrais. Está, inclusive, nas fronteiras de uma arte não figurativa. É dança, em sua significação abstrata, com um espírito que está tão perto do intuitivo ou instintivo como tudo o que é autenticamente pessoal, tem o sentido do corpo, do estilo e da forma que só dá o espírito.
Fonte: Vicente Marrero, El enigma de España em la danza española.
-
O Cante
O Cante
Jondo
Jondo
Mais do que um símbolo musical da multimilenária cultura andaluza, o cante jondo («canto fundo»), tal como o seu epíteto indica, exprime - através de uma ambiência sonora cristalizada ao longo de séculos e assimilada na escrita pianística de um Albéniz ou de um Granados - o que de mais profundo encerra o espírito popular.
Cúmplice das penas e das alegrias do seu povo, o cantaor esconjura com «voz de sangre», através das sentidas letras e dos longos e dolorosos melismas, como num ritual, as angústias que lhe assaltam a alma, crendo que quem o escuta comungará, por empatia, da sua dor e que esta será, assim, mitigada.
A importância do cante na cultura flamenca, todavia, não se esgota no carácter confessório da interpretação. Possuído pelo duende, esse "espíritu oculto de la dolorida España" (Lorca: I, 1067), o cantaor percorre os recônditos meandros do inconsciente colectivo. Obedecendo a cânones há muito estabelecidos, não só constrói uma representação de si próprio e do seu povo o que é, de certo modo, revelador da propensão dos andaluzes, como sustenta Ortega y Gasset, para um certo «narcisismo colectivo» (Ortega y Gasset, 1961: 112) , mas também invoca por via de imagens atávicas os mistérios das antiquíssimas religiões que outrora fecundaram o imaginário andaluz.
Na realidade, os estudiosos da matéria da Andaluzia, como J. M. Caballero Bonald, D. E. Pohren, J. Caro Baroja ou Fernando Quiñones, são unânimes em considerar que o cante encarna a permanente demanda de uma obscura e inefável essência destilada pela antiguidade das suas raízes culturais.
Apesar da relativa escassez de vestígios arqueológicos sobre Tartesso – mítico reino de Gérion e de Argantónio que terá germinado no Sudoeste peninsular em finais da Idade do Bronze (de 2000 a. C. a 700 a. C.) e prosperado posteriormente na primeira Idade do Ferro (séculos VIII‑VI a. C.) – muitos são os que crêem ver nele, e nos contactos estabelecidos com o resto do mundo mediterrânico, o berço civilizacional de uma Andaluzia ávida por festejar a sacralidade da vida, ansiando, simultaneamente, por habitar o sombrio labirinto da morte.
Não obstante a miscigenação (ou mezcla, como se lhe referiu o poeta Félix Grande) de povos que viriam posteriormente a ocupá‑la (gregos, cartagineses, romanos, vândalos, muçulmanos, judeus e ciganos), a Andaluzia saberia edificar, a partir da integração de materiais heterogéneos, a sua própria identidade espiritual, marcadamente distinta daqueloutras das restantes regiões hispânicas. O cante jondo, apesar de ser fruto desse hibridismo (a nível musical, as influências orientais, particularmente a árabe, a semita e a cigana, são notórias), soube reter tal prístina ânsia dionisíaca.
É esta natureza ao mesmo tempo pagã, primeva e intuitiva do cante que cativou a atenção de poetas e músicos. Um desses poetas, Federico García Lorca, figura de estatura ímpar no panorama literário espanhol do século XX, soube operar uma ruptura com a visão meramente folclorista do flamenco partilhada por alguns dos seus conterrâneos – nomeadamente Melchor de Palau, Salvador Ruedas e Manuel Machado, que em 1912 publicara um livro de coplas intitulado, justamente, Cante Jondo. A relação de Lorca com o «andaluzismo» não se cinge a um manusear curioso dos elementos castiços e potencialmente poéticos da cultura andaluza. Pelo contrário, a sinceridade da escrita lorquiana, a sedução incontida, obsessiva até, pelos temas e imagens da Andaluzia mítica e onírica trai a sua total identificação com o espírito a que aludimos. A somar a isso, ligam‑no estreitos laços ao mundo do café cantante onde aprenderá a partilhar, ao lado de cantaores, bailores e tocaores, dos verdadeiros valores religiosos e estéticos contidos na arte flamenca.
Em 1922, o poeta granadino, cuja formação musical lhe permitiu aceder a um conhecimento mais aprofundado do cancioneiro espanhol, profere uma conferência – «El cante jondo: primitivo canto andaluz» – que denunciará desde logo o fascínio pelos cantares flamencos. Nela, Lorca não só ensaia um enquadramento teórico para o conjunto de poemas composto em Novembro do ano anterior (e que chegará às mãos do público apenas em 1931 sob o título Poema del Cante Jondo), como ainda procura, em certa medida, elaborar um esboço de uma teoria da arte. Baseado no credo de que as alusões atávicas do mundo tartéssio, tornadas manifestas através do duende, provavam a atemporalidade e a perenidade da arte andaluza, Lorca defenderá que o cante jondo, possuído, na sua postura extática, pelas forças ocultas do amor e da morte, revela uma realidade transcendente.
CANÇÃO; canção de gesta
Bib.: A. Álvarez de Miranda: La metáfora y el mito (1963);
J. C. Baroja: Los pueblos de españa (1946);
J. M. C. Bonald: Luces y sombras del flamenco (1975);
De Zuleta: Cinco poetas españoles (1971);
F. G. Lorca: Obras completas (1973);
id.: Poema del Cante Jondo - Romancero Gitano (1992);
J. Ortega y Gasset: Obras completas (1961);
D. E. Pohren: Lives and Legends of Flamenco (1964);
Fernando Quiñones: El Flamenco: Vida y Muerte (1971);
E. F. Stanton: The Tragic Myth: Lorca and «Cante Jondo» (1978).
António Lopes: www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/C/cante_jondo.htm
A Guitarra
A Guitarra
Segundo os estudos realizados por diversos especialistas, pelo que tudo indica, uma das primeiras referências se encontra em "La Explicación de la guitarra", obra publicada pelo gaditano Juan Antonio de Vargas e Gusmán em 1773.
Contudo, nesta época somente se pode falar do que posteriormente se denominaria a existência de guitarristas "por lo fino". Realmente os primeiros aspectos de aproximação das seis cordas no flamenco chegam com figuras como as de El Murciano, Trinitário Huertas, Bernardo Troncoso, José Toboso e sobretudo, o almeriense Julián Arcas, pai de uma soleá que leva seu nome.
Nesta primeira época de guitarristas ainda situados entre o toque "por lo fino" e "por lo flamenco", seguem os da chamada Escuela Eclética, na qual destacam-se o inventor de "la cejilla" (pestana da guitarra), o maestro Patiño de Cádiz, Antônio Peréz, de Sevilla, Paco el Barbero, de Sevilla e Paco el de Lucena de Córdoba.
A partir deste momento começam a surgir os primeiros especialistas no toque "por lo flamenco", como Juan Gandulla Habichuela, de Cádiz, Javier Molina, de Jerez e Miguel Borrul, de Castellón.
Mas o grande guitarrista do final do séc. XIX e princípio do séc. XX é Ramón Montoya Salazar (Madrid, 1880-1948). A ele se deve a criação para a guitarra da grande maioria dos palos flamencos e ele é considerado o primeiro revolucionário da técnica e a harmonia, até o ponto que se converteu no primeiro concertista flamenco da história.
Seu legado é aproveitado por uma geração de tocadores inigualáveis, moldando a etapa dos grandes criadores individuais. Nesta época surgem Niño Ricardo, Manolo de Huelva, Perico el de Lunar, Esteban Sanlúcar, Melchor de Marchena, Sabicas e Diego Del Gastor.
De todos eles o maior maestro de todos os tempos é Paco de Lucía, líder indiscutível da última geração de guitarristas. Junto ao Paco de Lucía destacam-se também Manolo Sanlúcar e Victor Monge Serranito, um triângulo de tocadores que revolucionaram o conceito da guitarra flamenca.
Pertencem a esta escola indiscutivelmente os novos valores do toque, como o almeriense Tomatito, o jerezano Gerardo Nuñez, o Catalán Juan Manuel Cañizares e o cordobés Vicente Amigo.
Referência Bibliográfica: Guia de Flamenco de Andalucía
Assinar:
Postagens (Atom)